sexta-feira, 8 de julho de 2011

TERRA DA GAROA: ETERNO RETORNO?

Depois de um tempão sem escrever, cá estou dando sinal de vida. Ou mais do que isso, de como está “sobreviver” no mundo velho.

No dia 24 de dezembro saio de São Paulo, TERRA DA GAROA, mas que fazia 28º para a Suíça, com suas lindas montanhas brancas de neve e os gelados -12 (depois fomos dar um passeio por Gruyere e fazia menos de 15 negativos!!!). A diferença de cerca de 40 graus não foi nada perto dos 180º de mudança de vida que eu tive indo morar na Itália como Au Pair, e visitando os mais diferentes lugares não só na Suíça e Inglaterra, como também na Inglaterra, França, Portugal e Espanha – a minha morada!

Vim para Espanha por motivos burocráticos. Mas o que me trouxe aqui também foi a empatia com uma família fantástica. Ana, a mãe, se tornou uma mãezinha espanhola para mim, de coração grande, mente aberta e cheia de receitas deliciosas. Fui Au Pair em sua casa durante 3 meses, dando aula de inglês para suas filhas adotivas: Marina, Umu e Marietu. Sim, são adotivas, e isso precisa ser dito porque isso faz da Ana uma mãe ainda mais interessante de se conhecer e aprender com ela. Cada uma delas vem de um país diferente: Marina, 17 anos, Nepal; Umu, 16 anos, (já vou postar, sempre me esqueço!); Marietu, 13 anos, Burkina Faso. A mãe, depois do divórcio com o ex marido, os filhos criados pela mãe solteira desde suas tenras idades, ela resolveu que seu trabalho e sua casa podiam sustentar e acolher mais gente para receber uma vida diferente, com educação e acima de tudo, carinho. Isso a fez adotar as pequeninas, que hoje são quase mulheres, independentes e cheias de personalidade. Me apeguei a essa família com muito carinho.

Sem contar que a casa fica localizada a 500 metros da praia, um lugar privilegiado onde eu via o maravilhoso pôr-do-Sol no mar da janela do meu quarto. Uma cidadezinha praiana deliciosa, a 20 kilometros da fronteira de Portugal e a 17 kilometros da principal cidade da região: Vigo. Um lugar apaixonante, onde todos se conhecem (o moço do carteiro lembra do meu nome, a mulher da cafeteria sempre me cumprimenta pelo meu apelido e o monitor da academia é amigo camarada a ponto de sairmos de baladas com as outras Au Pairs para se divertir e “emboracharse”!) e o cenário natural é simplesmente encantador.

Um dia recebi uma carta de uma universidade espanhola (uma das melhores na Espanha em Sociologia) dizendo que fui aceita para fazer o mestrado. De repente eu me vi já com uma dívida de uma matrícula com um valor razoavelmente alto, a necessidade de planejar a minha nova morada e arrumar um trabalho em uma cidade do outro lado do país.

Sem a menor idéia do que eu iria fazer, neste mesmo dia me aparece uma oferta de trabalho para ser Au Pair de um garotinho de 7 anos.

Sem dúvida, a Ana foi a primeira a saber e depois de uma conversa bem objetiva e sem rodeios, decidimos que eu me mudaria para esta casa e continuaria a dar aulas de inglês para as meninas. De repente, tenho dois trabalhos e um salário (juntando os dois, não daria um verdadeiro salário aqui na Espanha – mesmo com crise – mas ajuda!).

Então, três dias depois, seja por ironia do destino ou por uma simples trajetória até o objetivo final (o mestrado), venho parar em uma cidade conhecida como a “CIDADE DA GAROA”: Vigo.

O garotinho se chama Israel e o motivo de uma Au Pair com tanta urgência é para que se pai possa exercer de fato a guarda compartilhada que tem com sua ex-esposa. Encontrei Irra (seu apelido) carente, com muito carinho pra dar (me abraça sempre) e com um temperamento um pouco ansioso ou estressado... Nada anormal depois da separação tensa que foi a de seus pais. É um garoto muito divertido, viciado em desenhos na TV (muito apartamento, poucas brincadeiras de rua/ parque), que ama seus primos, não gosta de comida saudável e que agora se encontra encantado por mim!!!! =) E eu por ele, lógico! Me encanta as "pessoas pequeninas" (de estatura!!!)!

Depois de muitos me perguntarem: “como está a Itália?”, eu resolvi fazer um novo post nesse blog esquecido. Entretanto, pretendo escrever mais coisas sobre as minhas deliciosas aventuras por essa terra maluca, divertida, estressante, xenofóbica, e... cheia de humanos diferentes dos brasileiros. Afinal, até os brasileiros são diferentes dos brasileiros... ou não.