sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Começando!

Olá!

Finalmente decidi utilizar o blog para falar das coisas que penso, percebo, e o mais importante: acho. Porque certeza mesmo, eu não tenho nenhuma.
Quando eu tiver, escrevo um livro... Ou não! Porque aí a indústria editorial é super complicada, os impostos são altíssimos, a grana não vai valer a pena e o preço ao consumidor vai ser inacessível. Digo consumidor os caras que estão a fim de "consumir" idéias (se é que podemos chamar assim os interessados em leituras, informações) de uma forma mais livre. Eu quero que meu interlocutor seja uma pessoa de idéias! Pra trocar, pra crescer, pra aprender, mas não pra vender.
Por isso o blog.

Mas antes de tudo, caro interlocutor, é importante dizer que não tenho um tema em mente para que as idéias apareçam. E nem periodicidade. E nem critérios. Ou pudores! E pode ser que você já tenha recebido um email meu com palavras semelhantes (acho que eu quero fazer um bem bolado com algumas descrições de viagens!), mas sempre tenham certeza: "palavra copiada é palavra citada!". Assim aprendi com minha irmã, a Thiti, e assim que eu acho que fica mais fácil trocar as idéias e saber onde achar depois, caso você também queira citar, ou acrescentar nos comentários, ou enviar pra alguém, e assim por diante!

Bom, me coloquei a missão de publicar um blog desde o ano passado, e como "missão dada é missão cumprida" (Tropa de Elite, 2007), aí vai!

O meu primeiro tema será sobre mim. Tenho ainda muita dificuldade em achar que o que eu escrevo é interessante, ou bom, ou que tem conteúdo. Por isso o tema que mais me deixa confortável em comentar sou eu mesma e também facilitará a minha relação com você, meu/minha car@, evitando quaisquer mal entendido sobre a autoria do presente blog. Sim, a autora é a Katucha e falarei sobre ela, ou melhor, mim. Eu. Mas isso não significa que eu esteja em algum tipo de zona de conforto, afinal, estou abrindo o blog falando EM PÚBLICO, da minha pessoa para quem quiser ler!

Meu nome é Katucha

Há quem diga que os nomes dirão muito sobre quem você é.

Há pais que escolhem os nomes da sua prole acreditando nisso.

Mas sabemos que nem sempre quem há de ter nomes bíblicos darão bons carneiros, ou os nomes inspirados na mitologia darão boas personalidades, ou ainda, os nomes dos grandes intelectuais serão, minimamente, “inteligentes” (em um próximo artigo articularemos algo sobre inteligência).

Prova estar é: chegue em um Jardim de Infância e pergunte pra professora: “Quem é o mais peste/ atrevido?”. Ela vai ter na ponta da língua alguns nomes: “Rafael, Gabriel, Miguel...” (tudo nome de “anjo”).

Mas também não vamos radicalizar... Isso não significa que essas criaturas serão a frustração dos pais, mas que não são anjos... ahhh não são!

Da mesma forma que eu não faço a menor idéia do motivo pelo qual meus pais escolheram o meu nome. Quer dizer, minha mãe escolheu. Meu pai concordou. Pior ainda! Como concordar com a sua filha chamando para o resto da vida um nome sucetível a piadas, apelidos, codinomes e brincadeirinhas que só poderiam causar o trauma, a infelicidade e o vexame para um ser que logo nasce e, até aquele momento, sem erros cometidos para merecer logo de cara um castigo!

Katucha. Foi esse o nome escolhido e acordado. Katucha. Ka-tu-cha. K-a-t-u-c-h-a.

Katucha? Mas é nome? É a primeira pergunta sempre que conheço alguém. É a primeira pergunta quando vou fazer alguma compra em meu nome. É a primeira pergunta quando conheço um gatinho na balada...

Normalmente depois disso existem mais duas variáveis: a da dúvida e a da afirmativa.

A da dúvida é sempre questionando a veracidade da informação que eu passei: “meu nome é Katucha”. “Nããão, isso é apelido!”. Aí toca a Katucha pegar um cartão de crédito, carteira de motorista, RG (tudo vai depender também da circunstancia, do contexto, e o mais importante: se a pessoa vale o trabalho!). Provada a veracidade do nome, podemos também seguir para a próxima variável, que não é excluída só por causa desse episódio.

A segunda variável é a pessoa dizer: “Aaaahhh que legal. É um nome diferente”. Ou seja: tudo o que ela quis dizer é que seu nome é feio pra cara...mba, que ela nunca ouviu uma coisa parecida na vida e é estranho só de ter que dizer isso em voz alta.

A terceira variável que também tem a ver com uma afirmativa é: “Aaaahhh Katucha! Eu tenho uma amiga que se chama Katiuska (ou Kalisha, ou Kashusha, ou Sasha, ou Miucha). “Aaahh jura? Que legal!”. Eu polidamente respondo. Mas a verdade é o que passa na minha cabeça: “E DAÍ QUE VOCÊ TEM UMA AMIGA???”. O nome não é parecido com o meu, as vezes nem rima com o meu, as vezes nem é igual ao meu.

Se você se chama André e eu tenho um amigo que se chama André também, eu não preciso falar.

Se você se chama André e eu tenho um amigo que se chama Andrez, eu também não preciso falar.

Se você se chama André e eu tenho um amigo que se chama Thiago, eu também não preciso falar.

E sabe por quê?? PORQUE NÃO INTERESSA!!!

A menos que exista uma história, e que essa história seja boa, e de preferência me faça rir. Caso contrário, o fato de você ter uma amiga, cujo nome começa com a letra “K” ou faz com que você lembre o meu nome com mais facilidade o problema, ou a solução, é só seu. Única e exclusivamente seu! Portanto, guarde pra si.

Este é o primeiro desabafo sobre como eu NÃO ME INTERESSO em nomes que as pessoas acham que são semelhantes ao meu. Pronto. Falei!

Agora eu vou divagar sobre a minha primeira frase deste post em relação aos pais acreditarem que o nome vai dizer muito sobre quem você é. Essa é a mais pura ingenuidade que os pais tem de acreditar que um dia isso será possível. Não vou fazer explicações dos casos de conhecidos meus para não queimar ou expor os meus comparsas e amigos! Mas irei falar sobre mim, já que acho que é um dos melhores exemplos que existem na face terra.

O meu nome é Katucha. Katucha é um nome russo. Segundo pesquisas no Google e conversas com uma russa (nativa), Katucha é o derivado do nome Kátia. Kátia significa pura; Katucha significa pureza.

Antes de a gente começar a fazer piadas sobre o fato de eu ser ou não pura, vamos além dessa problematização pífia, que normalmente é guiada pelo fator sexual, cujo qual não abordarei – aguardem cenas do próximo capítulo. A pergunta é: no significado do nome, o que é pura? Eu tomei a liberdade de dar algumas alternativas, já que o nome é meu:

a) A pura cachaça;

b) A pura felicidade;

c) O puro bom humor;

d) A pura simpatia;

e) A pura teimosia;

f) A pura ironia;

g) A pura perversidade;

h) A pura crítica;

i) O puro orgulho;

j) A pura criatividade;

k) A pura brabeza;

l) A pura romântica;

m) A pura quersempreestarcertaenãodesisteatévocêconcordar;

n) A pura loucura;

o) A pura impulsividade;

p) A pura ginga;

q) O puro charme;

r) A pura rigidez (principalmente consigo);

s) A pura sinceridade;

t) A pura mão feia;

u) O puro sorriso;

v) A pura manteiga derretida;

w) A pura guerreira;

x) A pura pândega;

y) A pura vaidade;

z) A pura meiguice...

Como podem perceber, a lista acabou porque o alfabeto acabou. Minha irmã, a bibliotecária Thalita (essa tem um nome normal, vai entender! Era pra ela se chamar Miucha, ou Katiuska!!!) me ensinou que depois do alfabeto podemos adicionar outras letras ou números, mas acho que até esse ponto vocês conseguiram entender o meu ponto de vista.

Selecionei algumas características que eu acredito (e já me falaram, também) que façam parte da minha personalidade. Sim gente! Faltou um monte de coisa, mesmo! Mesmo as ruins. Fiquem à vontade para inseri-las nos comentários!!!

Acontece que independente do que seja puro, eu não sou nada disso no puro do seu significado. Entende? Então, antes de qualquer coisa, eu não sou pura em nada (nem nisso aí que você tá pensando, seu mente suja). Olha lá... Já coloquei “seu” mente suja direcionando aos homens, como se as mulheres não fossem pensar nisso! São elas que já devem pensar “xii... essa devassa!!”. Mas a verdade é que a pureza não existe.

O meu trauma foi quando eu descobri que nem a Ciência é pura. Oh!!! Depois desse choque, você pense o que quiser sobre o significado da palavra Katucha.

O que esse significado traz pra minha vida? Isso mesmo. Nada!

Mas minha mãe achou bonito e até hoje é o nome que eu aprendi a gostar e a falar sempre que me perguntam, afinal de contas, se não acreditou é porque eu provavelmente nunca mais vou te ver, então... Tchau!


Mas aí a questão do nome começa a ficar mais complexa quando a gente torna o nome parte da identidade das pessoas. Aí sim começamos a reiterpretar nomes, recriar personalidades e fazer daquele nome, seja lá qual for ou quantos deles existirem no mundo, um nome só nosso, uno, verdadeiro e... puro!

Como supracitado, meu nome é Katucha. Nome russo. Pureza. Escolhido pela mãe. Concordado pelo pai.

Só que dentro do contexto, eu recriei a história para o meu nome a partir da história da minha família, que foi contada pra mim pelos meus avós, repetida pelos meus pais, e com umas pitadas de inventanças de alguns tios engraçados.

A minha mãe tem sua família materna italiana, e família paterna portuguesa. Ninguém é original, porque já os meus avós nasceram no Brasil. Isso significou que nem a cidadania européia pra ter um passaporte com maior liberdade de ir e vir eu pude ter. Mas a carga cultural foi legal. Sempre que dava era macarronada ou lasanha ou pizza feita na casa da minha avó com todo mundo gritando (a maioria das vezes brigando, normalmente porque alguém roubou na tranca). Sempre que dava, tinha alheira ou bolinho de bacalhau ou bacalhau (essa culinária já não era muito habitual porque minha avó, nada matriarcal, proibia meu avô de cozinhar! Ver o convívio dos dois era uma montanha russa de emoções!).

A família da minha mãe foi sempre matriarcal, erudita, dramática, sempre falando alto cheios de gestos e sinais, sempre se reunindo para as festas. Até que um dia, não se reuniram mais.

O meu pai tem uma família de negros. Isso é muito importante dizer para que seja mais fácil de entender que boa parte de sua história foi perdida. Os pais dos meus avós ainda viveram durante o período da escravidão. O importante disso é que a família do meu avô era da Bahia a família da minha avó “sempre” foi do interior de São Paulo.

Meu pai chegou na cidade grande com 17 anos. Um negão sarado (e mantém o mesmo corpo em um conservante muito bom chamado “melanina”, conhece?), cuja família não muito barulhenta, nem muito briguenta que faz uma das melhores comidas que eu já provei e, diferente dos saraus de piano e músicas eruditas que minha avó promovia, sempre gostaram de música caipira e de vez em quando de um sambinha do tipo Alcione ou Eliana de Lima. Não cresci junto a minha família paterna, quanto na materna. Até que um dia, depois de crescidos, a gente não se larga.

Não precisa estudar muito para saber que o Brasil construiu uma história com base em algumas dessas “figuras” que eu apresentei como a minha família.

Italianos, portugueses, negros...Katucha. É... meu nome é a síntese do Brasil. É a síntese da mistura, do preto com o branco (no meu caso). Uma coisa tão comum pra um nome tão diferente. AMO MEU NOME.

Katucha.