*Este conto "my weekend was like a Fairy Tail" Estará disponível neste blog com personagens mais abstratos e divertidos!*
Desta vez chego para fazer um update de notícias da vida privada.
Ainda um pouco chocada, relatarei os últimos acontecimentos desde a semana passada (13/08/11 – sábado).
Já fazia uma semana que o pai da família (daqui pra frente chamarei de “pai” ou “meu pai espanhol”) onde eu trabalho não voltava para a casa. Como uma Au Pair, para quem não sabe, a relação é bastante familiar e comunicativa (ao menos deveria ser assim, uma vez que se recebe uma pessoa de outro país que ainda está aprendendo a língua, cultura e mal conhece a região onde vive), eu já estava começando a me sentir bastante desconfortável em morar sozinha em um apartamento de 250m², cujo corredor me lembra o filme “O Iluminado”, sem notícias das pessoas da família e o mais importante: sem saber quando o pai iria voltar para que eu pudesse fazer os meus próprios planos. Também não havia recebido uma mensagem ou ligação telefônica perguntando sobre como eu estava ou se estava bem. Mesmo com quase nada de dinheiro, conseguia me virar com moedinhas de 1, 2 e 5 centavos que estavam pela casa.
Detalhe: eu não tinha dinheiro porque o pai saiu na semana anterior e me disse que não estava com o seu cartão de crédito. Me pediu dinheiro e eu lhe dei todo o dinheiro dos meus pagamentos anteriores, salvando apenas o que eu iria gastar naquela noite, já que ele me havia dito que me devolveria no dia seguinte. Ledo engano!
O final da história é que ele sumiu por uma semana e, finalmente na sexta-feira, o dia anterior ao fatídico 13/08, deixou uma nota de cem em cima da mesa, que eu só fui ver no sábado, depois de ir comprar pão com as moedinhas. Eu tinha gasto 2 euros no mercado e o caixa me olhava com uma cara de ódio, me fuzilando enquanto eu contava o meu pobre dinheirinho...
Bom, sábado saímos! Eu e Margarita (minha amiga, também Au Pair, da Letônia). Fomos a um show maravilhoso de rock, onde conheci todos da banda e me diverti muito com eles.
Ao pagar o primeiro drink com a bendita nota de cem, um estranho que estava ao meu lado fez um comentário “que rica estas!”. É lógico que eu fiz uma piada para arrematar dizendo que era o dinheiro para o mês todo ou algo assim e logo, por algum motivo que pode ter a ver com a minha dificuldade de não sorrir e de não ser simpática com as pessoas, ele quis nos “acompanhar” às seguintes baladas e bares que eu, Margarita e o cantor da banda, Adolfo fomos.
A última balada, dançamos muito, rimos muito, mas não bebi nada. Logo, sabia muito bem que a minha bolsa seguia protegida pela jaqueta do Adolfo, que a uma certa altura ficou com sono e resolveu ir embora. Foi aí que eu gelei! Se ele colocou a jaqueta pra ir embora, como a minha bolsa não estava aí? Quando me dei conta disso, o estranho veio se despedir para ir embora. Muito suspeito, eu vi que ele levava sua jaqueta na mão, mas não sei se levava mais alguma outra coisa...
Procuramos a bolsa por duas horas: a dona da balada, a garçonete e o segurança já sabiam meu nome e que eu havia sido roubada. Procuramos na rua, fizemos o caminho de volta e... nada! Nos vimos na rua, com frio, sem chaves de casa, sem dinheiro, sem meu documento (carteira de habilitação internacional). Então pensei: “tenho uma amiga brasileira que pode nos salvar!!!! Ela mora sozinha aqui perto e também tem o número de telefone do meu pai espanhol!”. Salvando os detalhes da conversa, mesmo eu pedindo pra ficar em sua casa, ela não podia porque teria que viajar na manhã seguinte e estava “acompanhada” em seu apartamento, impossibilitando a mim e Margarita de deitarmos na sala, no quartinho dos gatos onde havia dois colchões ou dar qualquer ajuda que não fosse o número de telefone do meu pai espanhol. Como eram 5h30 da manhã, resolvi não ligar para ele.
Margarita, por sorte lembrava o endereço de uma amiga do Taiwan, Diana. Ao chegar em seu prédio, encontramos na porta sua colega de apartamento que vive com ela. Essa garota, alemã, que mal fala espanhol, também estava no show de rock com nós, mas a um certo ponto havia sumido de mãos dadas com o baixista da banda. Quando a encontramos, ela estava aos prantos porque tinha sido levada para um lugar chamado “Papi chulo”, que não passava de um apartamento de um certo indivíduo (não vou declarar quem) que havia embebedado a garota com diversas outras intenções (os detalhes dessa história dão outro conto que um dia escreverei porque é muito engraçado e dramático!).
Subimos ao apartamento da Diana, que nos acolheu cheia de sono (e generosidade!). Neste momento já eram 7h da manhã, foi quando eu enviei finalmente uma mensagem para o meu pai dizendo o que havia acontecido comigo.
Dormimos. As 2h da tarde meu pai liga para perguntar o que aconteceu, reclamar por haver recebido uma mensagem as 7h e dizer que ele estava de férias e que era horrível ser perturbado com problemas como este.
Depois de ser roubada, deixada na rua pela amiga, ver uma colega que havia sido enganada por um homem considerado amigo e ter o meu pai reclamando porque eu estava levando problemas para ele, me senti o maior dos Seres menos importante do mundo, se é que algo assim tão contraditório possa existir!
Finalmente, depois de horas tentando, alguém atendeu o meu celular dizendo que havia encontrado na rua a minha bolsa e jaqueta em uma cidadezinha a 7 km de Vigo. Estranhissímo porque essa pessoa não quis se identificar e nem me encontrar para que eu lhe pagasse uma recompensa. Acredito que eu estava falando com o meu ladrão, o estranho do bar...
A esta altura eu estava em Sabaris, na casa da minha antiga família onde eu morava com a minha mãe espanhola, Ana. Ela sim é uma mãe, que está sempre se preocupando comigo, com o meu bem estar e segurança. Levou-me para buscar a bolsa e me dizer que poderia contar com ela para qualquer coisa.
Mais calma por haver recuperado tudo (menos o dinheiro, claro), estive ocupada durante a semana resolvendo documentação para enviar a Universidade de Barcelona. Mas a pena é que na quarta-feira cortaram a luz e eu não tinha mais nem como acessar a internet.
O pai só apareceu na sexta-feira para tentar resolver algo e logo saiu de novo, dizendo que podemos conversar na segunda-feira, já que ele estava muito apertado com sua agenda!
Me deixou dinheiro para resolver as coisas que precisavam ser resolvidas, como o banheiro que estava quebrado a dias e não podia nem tomar banho!
Ao menos as coisas que eu tenho que fazer eu faço bem, por isso, essa parte ao menos está perfeitamente em funcionamento.
Agora eu estou na casa da Laura, que é uma pessoa maravilhosa, que me acolheu em sua casa com o maior carinho. Cozinhamos juntas, saímos de balada juntas e hablamos.... inclusive da vida alheia, por que não?
Apesar de tudo, aprender de experiências como estas é sempre muito importante. Sobretudo quando se está em território estranho!
O primeiro que aprendi é sempre guardar o troco nos peitos!
O segundo é que brasileiro em país estrangeiros não são amigos verdadeiros (perdão, mas é a minha terceira triste história com brasileiros aqui! Assim não dá!)!
O terceiro é que homens solteiros com crise de meia idade existe em todas partes do mundo!
O quarto é que... viver as vezes dói. Mas isso eu já sabia!!!!
Puta merda e eu achando a vida um caos!
ResponderExcluirEu odiei a experiência de ser Au Pair. E sim, brasileiro não são seus amigos.
Realmente precisamos de uma terapia via Skipe...